Vai Ser difícil à beça escrever isto. Procrastinei o máximo
que pude, mas como sei que vai ajudar muita gente, então lá vai:
Todo mundo fica admirado com as
esculturas de Michelângelo, mas quem teve que trabalhar a pedra bruta foi ele,
e mais ninguém. Fico até imaginando o monte de palpiteiro que ele teve que
aguentar enquanto fazia o seu trabalho, dia após dia. Trabalho árduo, que
exigiu esforço, sacrifício, atenção aos detalhes, dedicação. Também, no caso dele, as pessoas se calavam após ver o trabalho acabado, a
escultura pronta. Não é isso que acontece com os concurseiros? Não somos nós
que temos que montar cronogramas, criar
mnemônicos, resolver exercícios? Não somos nós que deixamos de curtir baladas
para estudar?
Recentemente, numa de minhas
inúmeras escapadinhas dos estudos, assisti a um vídeo muito interessante no
face: não consigo lembrar o nome do
vídeo , mas tinha uma jovem, com um
desses brinquedos de encaixe, fazendo uma comparação com a nossa maneira de
pensar com a maneira de pensar de outras pessoas. Ela dizia, em síntese, que se
você pensa assim, de forma circular, você cabe direitinho no círculo, não
adianta querer agir de outra forma, que o máximo que você vai conseguir é ficar
dependurado. Da mesma forma, não adianta
outra pessoa querer nos impor o jeito que ela pensa e se comporta para nós: não
vamos nos encaixar.
E, de novo, pensei na nossa
rotina de concurseiros. Vamos imaginar que todos nós somos círculos que nos
encaixamos perfeitamente onde tem tabelas, resumos, exercícios, livrarias, lançamento de livros de professores famosos
nesse nosso mundo de concurseiros, atualizações de leis e espiadelas na TV
Justiça. É o nosso meio. Mas... e as pessoas que amamos? E as que se preocupam
conosco?
Elas não se encaixam nesse meio.
No fundo, acham tudo isso uma loucura. Elas se cansam da nossa rotina de
concurseiros, das nossas aulas de Constituição, da nossa conjugação de verbos,
e das explicações de mesóclises e ênclises. Na verdade, ficamos um pouquinho
chatos.
Para eles, é complicado nos ver
enfiados numa pilha de livros, com fones de ouvido, assistindo inúmeras
videoaulas e resolvendo uma lista
interminável de questões. O fato é: deixaram de nos amar por isso? Não, apenas
não conseguem nos entender. Querem nos impor a nossa forma de pensar. Mas não é
exatamente isso que estamos fazendo com eles? (doeu muito admitir isso.).
Como cheguei à conclusão de tudo
isso? Depois de muito chorar, implorar que me entendessem, depois de muito mi
mi mi. E depois de minha última prova, aonde cheguei faltando nada mais do que
um minuto para fechar os portões. E porquê? Porque o GPS estava desatualizado,
descarregado e eu tinha ficado uma semana sem internet. Depois que tudo passou,
minha ficha caiu: Quem iria ser prejudicada? Eu, portanto, quem deveria ter
carregado o GPS? Euuuuu. Quem sabia, com
absoluta certeza, que não entraria após fechar os portões? Eu! Então, quem
deveria ter procurado a rota ou qualquer outra forma de estar no local de prova
no horário marcado? Acertou, eu de novo. Portanto, a culpa era minha, e não adiantava
eu querer enfiar ninguém num sonho que é exclusivamente meu. Sou eu que sei que vai ser bom para mim
continuar estudando.
Não adianta querer que os outros
nos entendam. Todo mundo tem suas limitações. Também temos as nossas. A dica é
respeitar o espaço deles, e não querer impor nossas ideias na marra. Não é
fácil, mas não tem outro jeito. Não adianta pedir mais amor e compreensão da
Humanidade para nossa causa. Nunca é fácil para ninguém. Também não adianta
ficar esperando aplausos enquanto esculpimos nossa vitória. Aplausos são para depois.
São o prêmio dos fortes. Dos persistentes.
Lilian Aguiar.
Um comentário:
Gosteei, bravoooo....é desse jeito que funciona, temos q parar de colocar a culpa em algo ou em alguém, a culpa é sempre nossa, e sempre será assim.
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